UNESP de Araraquara oferece atendimento a idosos do Lar São Francisco de Assis







O Projeto de Extensão Universitária denominado Sorriso Solidário no Lar São Francisco de Assis, apoiado pela Pró-reitoria de Extensão e em execução há alguns meses, atende a uma parcela da população de idosos da instituição Lar São Francisco de Assis, em Araraquara. O Projeto, ainda no início, pretende prestar serviços odontológicos especializados a essa faixa etária, de modo a proporcionar um bem estar a esses pacientes ao mesmo tempo em que treina os alunos da Faculdade de Odontologia da UNESP, câmpus de Araraquara para o atendimento a idosos.

O desenvolvimento do projeto, cadastrado oficialmente no banco de dados da PROEX em 2007, somente se tornou possível com a boa vontade e confiança da diretoria da instituição, Welson Alves Ferreira. A partir da iniciativa de montar um consultório na instituição, uma empresa da cidade viabilizou a construção do espaço físico onde o consultório será posto em funcionamento e onde o trabalho com os pacientes será realizado.

"Em 2005 tive a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa coordenado pela professora Elaine Maria Sgavioli Massucato que tinha por objetivo conhecer o perfil de saúde bucal do então Asilo de Mendicidade e atualmente Lar São Francisco de Assis em Araraquara. As condições dos idosos e a falta de acesso aos cuidados bucais, bem como a própria complexidade de atendimento me levou a fazer um curso de especialização em Odontogeriatria e oferecer ensino na área no curso de graduação", conta a docente Andréia Affonso Barreto Montandon, coordenadora do projeto.

Os pacientes atendidos neste projeto são idosos com diferentes graus de comprometimento cognitivo, físico e funcional, mas em sua maioria totalmente dependentes e com baixa capacidade cognitiva, ou seja, com extremas dificuldades de compreensão e relacionamento com o mundo que os cercam. Os pacientes são abordados de modo diferenciado quanto à comunicação e planejamento do tratamento odontológico, que então será baseado em seu estado de saúde, medicamentos ingeridos, nas condições cognitivas e grau de dependência e autonomia, o que pode ser traduzido como sua capacidade de tomar decisões.

"Para avaliar o paciente como um todo, temos que observar seu comportamento, utilizar uma anamnese diferenciada com índices de rastreio cognitivo para se ter, inclusive, um padrão da memória deste paciente e, funcional, conhecendo o que o paciente pode fazer sozinho, inclusive, a sua destreza manual para escovação e capacidade de estímulo e independência, além de avaliar seus prontuários médicos e questionar o pessoal de apoio para conhecer a real condição do idoso", explica a docente.

Para a realização das atividades do projeto, ele conta com a colaboração de docentes, estagiários, alunos e eventuais bolsistas do projeto. Os docentes Elaine Maria Sgavioli Massucato, Fernanda Lopez Rossel, Lígia Antunes Pereira Pinelli e Sérgio Sualdini Nogueira, além da coordenadora Andréia Montandon, são o grupo docente participante deste projeto de extensão e todos integrantes do grupo de pesquisa em Odontogeriatria - CNPq.

A bolsista Nathany Pinheiro, terceiranista da FOAr-UNESP, estagia junto ao projeto desde seu início e expressa grande satisfação ao fazê-lo. "Com o passar da idade, as pessoas ficam mais frágeis, vulneráveis e têm maiores dificuldades para fazer certas coisas, além de terem uma saúde mais debilitada, por isso, creio que os idosos mereçam uma dedicação especial. Quando fiquei sabendo que este estágio era voltado a essa população, me interessei muito e por isso resolvi me inscrever", diz Nathany, que passou por rigoroso processo seletivo para participar do projeto.

Além de proporcionar o conhecer das bases científicas e a especificidades da abordagem clínica de um paciente idoso com comprometimento físico, psíquico e social, como é o idoso institucionalizado, o projeto também contribui para a formação do profissional e ser humano cirurgião-dentista. Com os conceitos importantes da Odontologia, especificamente na área da Odontogeriatria, do atendimento multidisciplinar e da integralidade de atendimento que relaciona fundamentos importantes da área médica com a odontologia, o aluno tem a oportunidade de conhecer a dura realidade social de uma instituição para idosos, assim enriquecendo-se profissional e socialmente.

"O que pude observar durante as visitas nessa instituição é que esses idosos realmente necessitam de cuidados especiais e, além disso, acho que o mais importante é que necessitam de muita atenção, dedicação e carinho. São pessoas muito carentes", ressalta a bolsista. No início das atividades do projeto em 2007, foi realizada parte do levantamento de dados sobre as condições de saúde bucal nos idosos institucionalizados do Lar São Francisco de Assis. A partir destes dados, posteriormente, a intenção consiste em levar o atendimento odontológico até a instituição. Além disso, existe a possibilidade de serem desenvolvidos outros projetos para melhorar as condições de higiene, saúde e cuidados odontológicos para estes pacientes.

No entanto, as principais dificuldades no manejo do projeto estão relacionadas ao grau de dependência dos idosos nas atividades diárias que gera uma sobrecarga dos funcionários da enfermagem e cuidadores, ficando assim muitas vezes em segundo plano a dedicação à higiene bucal em detrimento dos demais cuidados que os idosos necessitam. Mesmo o levantamento das condições de saúde sistêmica, odontológica e rastreio cognitivo e funcional que estão sendo feitos atualmente, mostraram-se difíceis, em função da necessidade de apoio dos funcionários e colaboração dos idosos. "Considerando ser este um projeto em fase inicial de implantação, considero que seu principal êxito até então é a conscientização dos gestores e funcionários da instituição a respeito da importância da saúde bucal dos internos para seu bem estar e saúde em geral", enfatiza a coordenadora do projeto.

A Instituição Lar São Francisco de Assis que passa dos 90 anos de existência recebe colaborações para a demanda de seus internos, em forma de doações de roupas, sapatos, remédios, produtos de higiene, além de doações em forma de dinheiro. Também são promovidos eventos que visam angariar fundos para a instituição. No Lar, os idosos permanecem separados por alas, feminina e masculina, particular ou SUS. Seus funcionários dedicam-se a cuidar dos idosos e não apenas profissionalmente, pois existe uma relação de carinho entre os mesmos.

"É um projeto de fundo social e humanitário, que tem por objetivo, não somente formar o profissional, mas preparar, acima de tudo, o ser humano para ver com os devidos olhos e com extrema solidariedade o paciente idoso, suas necessidades, suas limitações e aí sim, considerar sua saúde bucal parte integrante de seu ser", completa a docente Andréia.

Fonte: Unesp




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